26 novembro 2010

'Gone' - Pearl Jam



No more upset mornings
No more trying evenings
This American Dream I am disbelieving
When the gas in my tank feels like money in the bank
Gonna blow it all this time, take me one last ride
For the lights of this city, they only look good when I'm speeding
I wanna leave em all behind me cause this time I'm gone
Long gone,
This time I'm letting go of it all
So long,
This time I'm gone

In the far off distance
As my tail-lights fade
No one thinks to witness but they will someday
Feel like a question is forming
And the answer's far
I will be what I could be
Once I get out of this town

For the lights of this city
They have lost all feeling
Gonna leave em all behind me cause this time I'm gone
Long gone,
This time I'm letting go of it all
So long,
Long gone, I'm letting go of it all
Yeah, This time I'm gone

If nothing is everything
If nothing is everything I'll have it all
If nothing is everything then I will have it all

Pearl Jam - Gone

24 novembro 2010

"Skinny Love" - Bon Iver



Come on skinny love just last the year
Pour a little salt we were never here
My, my, my, my, my, my, my, my
Staring at the sink of blood and crushed veneer

I tell my love to wreck it all
Cut out all the ropes and let me fall
My, my, my, my, my, my, my, my
Right in the moment this order's tall

I told you to be patient
I told you to be fine
I told you to be balanced
I told you to be kind
In the morning I'll be with you
But it will be a different "kind"
I'll be holding all the tickets
And you'll be owning all the fines

Come on skinny love what happened here
Suckle on the hope in lite brassiere
My, my, my, my, my, my, my, my
Sullen load is full; so slow on the split

I told you to be patient
I told you to be fine
I told you to be balanced
I told you to be kind
Now all your love is wasted?
Then who the hell was I?
Now I'm breaking at the britches
And at the end of all your lines

Who will love you?
Who will fight?
Who will fall far behind?

Bon Iver - Skinny Love

22 novembro 2010

20 novembro 2010

"Vadiagens melódicas"



Espremes e esfregas nas mãos a bizarra
flor sem nome que aqui te perfuma
as manhãs, as cores
de um vestido vazio caído aí,
na erva que dele bebe a ausência e o inverno.
Com a luz empurrando o amargo
contorno das casas
numa exalação respiratória.

Quartos de uma noite só,
alugada, perpétua. Nas paredes vão-lhes
crescendo rosas de musgo à luz suja
de antigos candeeiros, e a escrita
chega mais depressa à dor: algum
cavalo esquecido, fantasma
de um cadáver que já só às sombras
que o sublinham serve de alimento.

Apagando-se num eco entre as
ruas de ontem, o rumor de impérios
perdidos, velhos leões deitados
junto a calcanhares de pedra
nesse jardim de mitos
levado por um suspiro. E depois
desta janela baixa resta
uma única árvore, e como vestígio
do sonho, purpúrea e madura,
cada romã rebenta e de abelhas murmura
nos seus ramos.

Em baixo afaga a cabeça esvaída
um rapaz levando atrás de si
a tarde. De uma idade
que não se sabe, mas não pode
andar longe da tua.
O bafo morto de álcool, o rosto
enterrado numa espécie de oração
com os lábios rasgados marcando a brisa
enquanto da pele queimada descasca mapas
que enrola distraído entre o indicador
e o polegar. Mais velhas,

as mulheres, esfinges sonolentas
apoiando-se silenciosamente nas suas
sombras, que longas
se erguem como mastros. Ficam-se
a sonhar exílios nestes cafés vazios,
com as suas cortinas de contas pendendo
como rosários.

E faz truques com o tempo, esquece-se
dos nomes esta gente, e aponta
para as coisas num silêncio
sem ênfase revirando os olhos,
doces de cansaço:
fulgor do que tantas vezes foi e voltou
de promessas feitas e pagas ao mar.

Uma menina espera sozinha
à porta. Os cabelos de mel, encaracolados,
numa das mãos as sandálias, a outra,
leve, brincando na tensa corda
do teu olhar – essa distância toda
que puxavas para ti. Tudo

tão quieto, soprando uma mesma
ferida. A torre meio arruinada no limite
de tanta hesitação.
Fumaste nos degraus e lias o nome invertido
dos barcos, suas étereas silhuetas
sobre um púrpuro rio em perfume a dormir.
Aí, esse sono onde enches
a voz, ganhas vontades e não queres
fazer sentido, mas apenas ser
destas vadiagens melódicas, subir às
costelas do vento, gritar como louco
às tempestades.


Diogo Vaz Pinto
(daqui)

17 novembro 2010

"Os mortos"



Eu sei, é preciso esquecer,
desenterrar os nossos mortos e voltar a enterrá-los,
os nossos mortos anseiam por morrer
e só a nossa dor pode matá-los.

Tanta memória! O frenesim
escuro das suas palavras comendo-me a boca,
a minha voz numerosa e rouca
de todos eles desprendendo-se de mim.

Porém como esquecer? Com que palavras e sem que palavras?
Tudo isto (eu sei) é antigo e repetido; fez-se tarde
no que pode ser dito. Onde estavas
quando chamei por ti, literalidade?

E todavia em certos dias materiais
quase posso tocar os meus sentidos,
tão perto estou, e morrer nos meus sentidos,
os meus sentidos sentindo-me com mãos primeiras, terminais.


Manuel António Pina
in Os livros, Assírio & Alvim

01 novembro 2010

hm...


Fui dar com ela no quarto a chorar, o telemóvel
Atirado para um canto. Entre lágrimas, foi dizendo
(E tem doze anos) que seu amigo decidira que deviam
Esperar. Sua mensagem: «Só o amor verdadeiro está
Por vir». É ténue a diferença (pensei) entre um galã
E um filósofo. Mas ela, sobretudo, descobrira que os
Novos instrumentos «mordem» tanto como os antigos,
Salvo que muito mais depressa. A mentira vende. Para
A publicidade, na nova comunicação é impossível a má
Notícia. Por que não trocam com os jornais?


Maria Gabriela Llansol
in O começo de um livro é precioso, Assírio & Alvim

"O Que Está Primeiro"


O Que Está Primeiro

Tudo fica mais fácil quando se ama
porque amar é sobrevoar
e lá do alto ver o rasteiro
dia-a-dia que nos chama
e abaixo finge ignorar
que o amor está primeiro.

Tudo fica mais leve quando se ama
porque amar é atravessar
o mar largo e traiçoeiro
da vida que nos reclama
para a urgência de gritar
que o amor está primeiro.

Torquato da Luz