26 abril 2009

A Liberdade, sim, a Liberdade!

foto: 'olhando o mar, sonho sem ter de quê' - JCST
A liberdade, sim, a liberdade!
A liberdade, sim, a liberdade!
A verdadeira liberdade!
Pensar sem desejos nem convicções.
Ser dono de si mesmo sem influência de romances!
Existir sem Freud nem aeroplanos,
Sem cabarets, nem na alma, sem velocidades, nem no cansaço!

A liberdade do vagar, do pensamento são, do amor às coisas naturais
A liberdade de amar a moral que é preciso dar à vida!
Como o luar quando as nuvens abrem
A grande liberdade cristã da minha infância que rezava
Estende de repente sobre a terra inteira o seu manto de prata para mim...
A liberdade, a lucidez, o raciocínio coerente,
A noção jurídica da alma dos outros como humana,
A alegria de ter estas coisas, e poder outra vez
Gozar os campos sem referência a coisa nenhuma
E beber água como se fosse todos os vinhos do mundo!

Passos todos passinhos de criança...
Sorriso da velha bondosa...
Apertar da mão do amigo [sério?]...
Que vida que tem sido a minha!
Quanto tempo de espera no apeadeiro!
Quanto viver pintado em impresso da vida!

Ah, tenho uma sede sã. Dêem-me a liberdade,
Dêem-ma no púcaro velho de ao pé do pote
Da casa do campo da minha velha infância...
Eu bebia e ele chiava,
Eu era fresco e ele era fresco,
E como eu não tinha nada que me ralasse, era livre.
Que é do púcaro e da inocência?
Que é de quem eu deveria ter sido?
E salvo este desejo de liberdade e de bem e de ar, que é de mim?




Álvaro de Campos

25 abril 2009

...achei tão fofo^^

19 abril 2009

Labirinto ou nao Foi nada



Talvez houvesse uma flor
aberta na tua mão.
Podia ter sido amor,
e foi apenas traição.

É tão negro o labirinto
que vai dar à tua rua ...
Ai de mim, que nem pressinto
a cor dos ombros da Lua!

Talvez houvesse a passagem
de uma estrela no teu rosto.
Era quase uma viagem:
foi apenas um desgosto.

É tão negro o labirinto
que vai dar à tua rua...
Só o fantasma do instinto
na cinza do céu flutua.

Tens agora a mão fechada;
no rosto, nenhum fulgor.
Não foi nada, não foi nada:
podia ter sido amor.

David Mourão-Ferreira

14 abril 2009

Ninguém a outro ama



Ninguém a outro ama, senão que ama
O que de si há nele, ou é suposto.
Nada te pese que não te amem. Sentem-te
Quem és, e és estrangeiro.
Cura de ser quem és, amam-te ou nunca.
Firme contigo, sofrerás avaro
De penas.



Fernando Pessoa

11 abril 2009

Olé!




Paco de Lucia - Entre Dos Aguas

10 abril 2009

Foto: @Jardim Botânico - by me ^^



"Hoje de manhã saí muito cedo
Hoje de manhã saí muito cedo,
Por ter acordado ainda mais cedo
E não ter nada que quisesse fazer...
Não sabia que caminho tomar
Mas o vento soprava forte, varria para um lado,
E segui o caminho para onde o vento me soprava nas costas.
Assim tem sido sempre a minha vida, e
Assim quero que possa ser sempre
Vou onde o vento me leva e não me
Sinto pensar."



Alberto Caeiro

Quoting...




"That some achieve great success, is proof to all that others can achieve it as well."



Abraham Lincoln

08 abril 2009

Hm...




"Nós poderíamos ser muito melhores se não quiséssemos ser tão bons."



Sigmund Freud







Pintura: Rene Magritte


...e se nos preocupássemos em ser nós próprios?...

07 abril 2009


"Don't limit yourself. Many people limit themselves to what they think they can do. You can go as far as you mind lets you. What you believe, you can achieve."
Mary Kay Ash

06 abril 2009

Fazes-me Falta

Ao te ler,
Recordei
Lembrei o que passámos
Lembrei as noites que adormeci a teu colo
As horas que passaste a ouvir-me enquanto me lamentava
Desabafava,
Falava do que tinha medo
E, sobretudo, falava de mim

Lembrei-me do apoio que te tentei dar
Sempre.
E espero ter dado…

Lembrei-me de como me fazias rir
De como te preocupavas comigo
De como brincavas comigo
De como me davas carinho

Ao te ler
Relembrei o teu lado amoroso
Sentimental
Profundo
O teu lado mais teu
Que nem sempre mostravas

Às vezes penso…
Que preferias ser o bobo da corte
Ao ser sério que eras
Por dentro
Ao ser bom e sério
Que poderias ser
Ao ser inteligente que eras
E poderias ser mais..

Lembrei-me da pouca fe que tinhas em ti
Mas que tinhas nos outros
Que tinhas em mim

Lembrei-me do modo como me deixaste
Como me abandonaste
E me deixaste sozinha

Sem ter com quem falar de mim
Sem ter com quem ver filmes
Ate de madrugada
E adormecer envolta num abraço
E em beijos ternos
De respeito
De amor…
…talvez.

Nunca o consegui saber.

Tenho saudades tuas.
Imensas
Demasiadas
Fazes-me falta

Faz-me falta aquele zumbido
No ouvido
Fazes-me falta.


2009.04.06