05 outubro 2009

Azul Profundo


Comboio arranca pelo túnel
Luzes crepitantes são o horizonte
São o que há para lá do vidro

Olhares estranhos em cada lugar
Olhares ansiosos por sair dali
Por chegar ao destino
Por chegar ao seu porto seguro

Paramos na estação seguinte
Entras pela porta
Escolhes o teu lugar
Que te transporta para o teu destino

Sentas-te de frente para mim
Pegas num papel e numa caneta
Olhas ao redor
Captas o que te rodeia
E transcreve no papel
Poisado sobre o colo

De tempos a tempos
Olhas à tua volta
Paras o olhar
E continuas a escrever

Movimento delicado
Caneta na mão esquerda
Pousada no papel
Mão que (d)escreve o teu pensamento

Respiração profunda
Calma,
Tal como o teu olhar
Azul profundo
Azul angelical

Tornas a olhar à tua volta
Os nossos olhares cruzam-se
Sorrio timidamente

Fixo-te
Não consigo deixar de te admirar
(Viras a pagina)
Não consigo deixar de reparar
Nos teus movimentos

Quero saber o que pensas
O que escreves
O que filosofas com o papel
O que lhe confessas

Olhas para o chão
Vejo que é para os meus pés.
Olhas-me nos olhos
Fujo com o olhar,
Olhando para a paisagem que passa a correr

Fico intimidada
Mas não deixo de sorrir
Fizeste-me sorrir
Abriste a janela do meu coração
Deixando entrar uma brisa e alegria

Obrigado por me fazeres sorrir

Cheguei ao meu destino
Saio pela porta,
Mas tu continuas para o teu…
Que poderia também ser o meu.

…vejo o comboio seguir viagem
Pensando quando te voltarei a ver.
Rapaz dos olhos azuis profundos.



Ana Raquel Joaquim (Rakiely)

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