19 abril 2010

Rails


De que serve, afinal, ter rails que nos guiam o caminho?
De que serve ter linhas (supostamente) infinitas, que nos impõem um caminho?
Seguimo-las desde que respiramos a primeira golfada de ar assim que chegamos ao mundo, sem nunca nos questionar qual a nossa vontade própria..
…sem nunca nos perguntarmos se realmente queremos aquelas pessoas ou aquelas situações no nosso caminho.
Sem nunca nos perguntarmos se é sobre aqueles valores ou ideais que queremos viver.
Sem nunca nos apercebermos dos padrões que vivemos, e dos que criamos, e dos outros que podemos vir a criar…

Ate que um dia, crescemos e queremos mudança, autonomia, independência.
Olhamos para trás à procura de conforto, e apenas vemos coisas das quais queremos fugir e não repetir, quer tenhamos aprendido a lição ou não.
Olhamos em frente, e deparamo-nos com um tronco no caminho, que impede a nossa carruagem de continuar. Olhamos para os lados, e vemos algumas das outras carruagens que antes nos acompanharam a avançar destemidas, outras como nós, mas que têm um empurrão de outrem, e avançam, mesmo que lentamente. Outras que ficam para trás, bloqueadas, e que tentámos ajudar mas desistimos. Outras que preferiram, simplesmente, ficar para trás.
Ao mesmo tempo, reparamos que os rails onde circulamos, para além do obstáculo, estão danificados. A única coisa em que pensamos é no tempo que vamos ficar à espera do concerto.
Nunca nos perguntamos se é um dano aparente ou não.
Nunca.
Nunca arriscamos seguir em frente. Apenas nos questionamos porque outros seguem e nós não. Apenas nos perguntamos porque não somos ajudados.


Até que um dia, uma carruagem passa por nós, uma que nunca tínhamos visto, e pergunta porque estamos parados há tanto tempo. Sim, pois ela observava-nos de longe, sem nunca se deixar ver, mas sempre fazendo o trabalho dela.
Respondemos com a maior da inocência (e alguma ignorância) que esperávamos por ajuda, pois não sabíamos como avançar assim.
É-nos então sugerido que avancemos. É-nos afastado o medo de arriscar, o medo de avançar e o medo da conquista.
Lembram-nos que podemos ser o que desejamos, que nada mais nos irá ser pedido. E que, na verdade, nunca nos pediram mais que isso. Nós é que somos demasiado inseguros e nos questionamos a nós mesmos e criamos medo.
É-nos pedido que arrisquemos, dizem que se calhar lá para a frente, o caminho melhora. Que podemos ter de arrastar um pouco o obstáculo pelo caminho, ate que ele se demova e saia.
Pode ser ate que o obstáculo seja uma ilusão, como tantas outras que criamos ao longo do nosso caminho.
Sim, porque nós criamos o nosso caminho, o que o envolve e preenche. Nós criamos os nossos próprios desafios e aprendemos com eles.
Nos decidimos então, seguir caminho, e não mais ficar parados, como seria suposto.
Avançamos, e vamos em caminho à liberdade, à felicidade, ao nosso caminho sem objecções, sem padrões e sem aprendizagens que não queremos.
Seguimos sendo apenas e somente, nós próprios com a nossa essência.
Ana Raquel Joaquim

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