06 agosto 2006

Grito de [querer] Ser...

Neste imenso turbilhão de sentimentos que invade a minha alma e a minha mente, há algo que se diferencia dos outros sentimentos, algo pequeno mas, ao mesmo tempo, de uma grandiosidade surpreendente. É algo que me fará libertar desta angústia que permanece há tanto tempo dentro de mim, e que me faz ter medo de avançar, medo de ir em frente, medo de arriscar, medo de sentir, medo de ser
E esse algo, cada vez que me fecho na minha concha, sussurra-me ao ouvido, de uma forma doce e calma, mas ao mesmo tempo com uma violência e energia impressionante, tal como uma onda, que calmamente surge das profundezas, quando embate no rochedo e provoca todo aquele estrondo que, no entanto, é acompanhado de uma imensa beleza. Tal como essa onda embate e parece que grita, assim esse algo que está escondido cá dentro, também se manifesta de um modo que parece querer libertar um grito, um desejo, uma vontade. E cada vez que me afundo numa melancolia vinda das brumas, das profundezas do meu ser, esse grito sussurra fortemente.
Tal como a onda anseia fortemente gritar, para poder libertar a vontade de querer ser ela mesma, sem objecções, também o meu íntimo assim o deseja intensamente gritar.
Este grito de ser eu mesma, que teima em não se libertar deste imenso labirinto que é a [minha] mente; labirinto este que, por mais voltas que o grito dê, por mais sinais que ele envie, sabe que está estagnado, imobilizado e só, perdido entre barreiras e obstáculos que o impedem de se libertar, de cumprir o seu objectivo: deixar-me ser! Simplesmente ser…
No entanto, dizem-lhe que ele se encontra assim, porque nada fez para o impedir, nada lutou para que se desse o contrário…Mas será que foi mesmo assim? Ou será que lutou até não poder mais, ou até estar demasiado ferido para sentir que era capaz de continuar? Ou será que o fizeram acreditar que ele era incapaz de lutar contra aquelas forças imensas que lhe obstruíam o caminho para ser livre?
Infelizmente o que acabou por acontecer, foi que ele desistiu; por tanto lhe encherem a cabeça, achou que com tamanhos ferimentos e com “tantas ajudas” que tinha, não valeria a pena continuar, não valia a pena esforçar-se para se libertar para depois poder Ser…
Mas no fundo…ele sabia que tinha errado, sabia que era capaz, corajoso e forte e que, mesmo estando ferido, tinha forças suficientes que o teriam permitido continuar, e sabia também que era destemido o suficiente para poder enfrentar tudo e qualquer coisa que o impedisse de atingir o seu objectivo e, consequentemente de poder Ser…
Ainda hoje uma esperança quase remota permanece…

1 comentário:

Anónimo disse...

Dizem que saber é poder. Saber o que queremos é uma parte importante de o obter. Talvez seja verdade. Não quer dizer que saber o que queremos, ve-lo num pedestal não torne as coisas mais frustrantes. Mais fáceis? Bem, sempre sabemos o que procuramos...

Muitas vezes perdemo-nos. Há caminhos muito confusos, ruelas escuras, estreitas e embrulhadas. Vielas que tentamos percorrer á deriva. E ficamos sozinhos, a olhar, a gritar, a chorar.

E tudo nos parece desesperado, inevitavelmente inconsequente, a estagnação de corpo, alma, sentimento. E deixamo-nos cair contra a parede, o poste, o muro, a primeira coisa que nos surge para nos agarrarmos.

Mas não é assim. Não é por nos sentirmos desorientados que não temos hipotese de achar caminho. Não é por estarmos perdidos que o vamos ficar sempre. Nao é por estarmos cansado que não temos força para continuar. Não é por nos sentirmos sozinhos que não temos ninguém. Muitas vezes temos só de parar a busca. E refugiarmo-nos noutro lado. Procurar algo que nos sustenha uns tempos. Se não felizes, contentes. E respirar fundo para depois continuar.

Pois só estás realmente sozinha se o quiseres. Não queiras. Não queres.

Beijo